Como dizem: garfado. Foi vergonhoso, constrangedor. Mas com Lewis Hamilton cruzando a linha de chegada em 1º lugar, o que eu não vou chamar de vitória, a Mercedes fez uma dobradinha sacrificando Valtteri Bottas.
Se outrora
eu debochei do papel de escudeiro (rótulo que ele não aceita) do finlandês, hoje foi de dar pena. Aliás, foi um papelão para a própria Fórmula 1, o que vimos hoje no GP da Rússia, em Sochi. Vamos ao caso, afinal.
Acontece que o #77 estava se dando muito melhor com esta pista. Não à toa,
cravou a pole position - e
venceu por lá no ano passado. Poderia tê-lo feito de novo. Deveria, se não fosse por Toto Wolff que, se tiver um mínimo de decência, bem... eu nem teria coragem de mostrar a cara, mas agora ele deve muitas desculpas ao seu piloto (além de recompensá-lo) e também em público. Ah, cabe dizer ainda que um novo recorde de pista foi estabelecido. Óbvio de quem claramente foi o melhor nesta: Bottas.
Enfim, antes da metade da corrida, o chefe de equipe simplesmente pediu ao pole e então líder, para inverter as posições com seu companheiro. Abrupta e descaradamente. Sem nem disfarçar nos boxes ou coisa do gênero. Particularmente, eu até compreendi o momento, pois um Sebastian Vettel em 3º, começava a ser uma ameaça ao inglês. E a briga vale o campeonato, que nós adoraríamos ver disputado até o fim, mas de maneira honrosa. O alemão, aliás, chegou a ganhar a posição do inglês, mas logo foi superado.
Pois bem, no final da corrida, Bottas até se impôs via rádio, perguntando se acabaria assim mesmo. Wolff poderia muito bem pedir para trocarem as posições novamente, já que Hamilton estaria abrindo 43 pontos de vantagem. Estaria ótimo, assim tornando o jogo de equipe desnecessário. Mas não. Preferiu deixar abrir 50 pontos sobre o alemão, que completou o pódio. Seu companheiro na Ferrari, Kimi Raikkonen, chegou em 4º. Fizeram o dever de casa.
Por falar nisso, na cerimônia, mais constrangimento. Hamilton nem comemorou - e não fez mais do que a sua obrigação agindo assim. Tentou escapar das entrevistas, mas, não podendo, destacou o trabalho do time e teceu elogios ao piloto nº 2 deste. Do alto do pódio, sem sorrisos, sem comemoração e, agora sim, teve a nobreza de puxar o companheiro para o degrau mais alto, como Michael Schumacher com Rubens Barrichello no GP da Áustria de 2002, na lambança ainda maior da Scuderia. Até ofereceu uma troca de troféus, o que por mim, com razão, o finlandês não aceitou.
Falando agora da corrida de verdade, que prova sensacional fez o aniversariante (21 anos) Max Verstappen. Eleito o Piloto do Dia, merecidamente. Largou lá da última fila e, em questão de 6 ou 7 voltas, já estava no pelotão de frente. Segurou-se na pista com os pneus macios com os quais largou por 42 ou 43 voltas e, neste momento, liderava. Parando a cerca de 10 voltas para o fim, colocou os ultra-macios e fechou o top 5, com seu companheiro na Aston Martin Red Bull, que também largou lá de trás, chegando em 6º.
Em ótimos 7º e 8º lugares, chegaram respectivamente Charles Leclerc, da Alfa Romeo Sauber, e Kevin Magnussen, da Haas. Completando a zona de pontuação, vieram as Racing Point Force India, que chegaram a fazer um jogo de equipe, mas de forma digna, e acabaram com Esteban Ocon à frente de Sergio Pérez, após a princípio o francês ter permitido ao mexicano tentar obter a posição do carro americano.
Depois vieram Romain Grosjean, da Haas, Nico Hülkenberg, da Renault Sport, Marcus Ericsson, da Sauber, Fernando Alonso, da McLaren, Lance Stroll, da Williams, Carlos Sainz Jr., da equipe francesa, Stoffel Vandoorne, de Woking, e por último, o piloto da casa, Sergey Sirotkin, do time de Grove.
Os únicos a não completarem a corrida, foram Pierre Gasly e Bredon Hartley, da Toro Rosso-Honda, que recolheram seus carros logo nas voltas iniciais. Talvez algum
experimento que não tenha dado certo.
Atualização: ambas as STR tiveram problemas de freio.
Um abraço!