(Imagem: R7 Esportes) |
Na Fórmula 1, a cada ano o dinheiro vem sendo mais importante do que o talento. Afinal, os custos para o desenvolvimento de um carro são altos, assim como a evolução dos mesmos. Os equipamentos são caros, assim como as estruturas das equipes. Estas, criam seus próprios chassis, e os carros mudam anualmente. Provavelmente equipes médias e pequenas da Fórmula 1, gastam bem mais dinheiro do que equipes da Indy como Penske, Ganassi e Andretti. Não tenho números exatos para mostrar. Já na Indy, os carros são fabricados pela Dallara, que de anos em anos trocam o modelo. As diferenças estão entre os motores e acertos dos carros, o que deixa a Indy um pouco mais competitiva. Se na Fórmula 1 só as três equipes com os melhores carros disputam o campeonato, na Indy não é tão diferente assim. O campeonato é um pouco mais aberto sim, mas mesmo assim as maiores equipes conseguem desenvolver melhor os seus carros. Mas nem tanto. Realmente há mais equilíbrio de forças, o que deixa tudo mais interessante.
Pilotos que não se dão bem na Fórmula 1, e fogem para o automobilismo norte-americano, acusam a categoria de não ter um "clima de corrida". Acho isso um choro desnecessário, pois as categorias de lá, principalmente a Indy, tem seu lugar no topo do automobilismo mundial, e tem disputas tão emocionantes quanto a Fórmula 1. Tudo bem que na categoria de "mais nome" é cheio de frescuras, tem a questão financeira, e às vezes glamour demais. Mas ali tem sim alguns poucos pilotos de ponta, que sabem levar seus carros ao limite para protagonizarem disputas épicas.
Acho engraçado pilotos da Indy subestimarem pilotos da Fórmula 1, enquanto dirigentes da categoria estadunidense amam quando pilotos da Fórmula 1 vão correr lá. Por mim, o que prejudica um pouco a imagem da Indy no Brasil, são essas tentativas dos que narram ela aqui, de diminuir a Fórmula 1. Ora, durante o trabalho deles, eles tem que se preocupar com a categoria que estão cobrindo. O mesmo vale para alguns pilotos da Indy. Ao mesmo tempo, é um saco quando ficam colocando a Fórmula 1 no topo do mundo, como se ela fosse a melhor categoria de todas, porque não é, já que tem os seus defeitos e esses vem se agravando na proporção da ganância de Bernie Ecclestone. Pilotos da Fórmula 1 normalmente ignoram completamente a Indy, mas quando ficam sem vaga na categoria "principal", mudam de opinião. A Fórmula 1 é a maior categoria de fórmula? Com certeza. Já se ela é a melhor, é outra coisa.
Essa falta de regrinhas demais na Indy, por mim é um dos pontos mais fortes. Os pilotos tem mais liberdade. O clima entre eles, mesmo de equipes diferentes, é de mais camaradagem. É legal demais, isto. Fotógrafos podem tirar fotos de qualquer parte dos carros livremente. Não é necessária toda aquela complexa estrutura das equipes com seus luxuosos motorhomes e mesmo os pilotos das menores equipes conseguem ganhar um bom dinheiro, principalmente nas 500 Milhas de Indianápolis.
O que faz da Fórmula 1, talvez mais famosa do que a Indy, é o fato dela rodar o mundo todo com marcas ícones de luxo e esportividade, como Ferrari, Mercedes-Benz e McLaren. Autódromos sofisticados, lugares exóticos, celebridades internacionais nos boxes etc (denecessário, mas não faria mal à Indy). Quanto aos destinos da categoria, em parte sou até contra. Grandes Prêmios em países sem tradição automobilística só servem para encher ainda mais o bolso do Bernie e dar trabalho para as equipes, que longe de suas fábricas, não podem atualizar as partes aerodinâmicas de seus carros. Sem falar no custo para transportar todo o circo. Por mim a Fórmula 1 deveria se manter nos circuitos clássicos, como os da Europa, manter pelo menos uma etapa nos Estados Unidos e claro, correr no Brasil. A maioria do povo daqui não é tão próximo do automobilismo, mas é mais do que grande parte dos asiáticos.
Mas esses problemas da Fórmula 1 não tiram mérito dos bons pilotos. A categoria tem lá os seus exageros e excessos políticos, mas continua tendo corridas ótimas, e cada vez melhores, na minha opinião. Principalmente depois da chegada do KERS e do DRS. Está aí um ponto fortíssimo da Fórmula 1, que havia sido reduzido há poucos anos atrás, mas que agora está voltando a aparecer: inovações tecnológicas. Que depois vão para os carros de rua. Carros cada vez mais naves. Enquanto a Indy teima em colocar um simples sistema de direção hidráulica. Fique surpreso quando adotaram o push-to-pass.
Se a Indy aumentasse um pouco seus gastos para correr na Europa pelo menos duas vezes ao ano, talvez ela fosse um pouco mais famosa no mundo. Afinal, a maior parte do seu público se concentra nos Estados Unidos, e segundo amigos meus de lá, motorsports nem são populares quanto outros esportes. Algo que por mim fez a Indy crescer nos últimos anos, mas que os mais conservadores odeiam, é terem diminuído o número de corridas em ovais. Não sou do tipo que acha que a coisa é fácil por só virar para o mesmo lado. Muito pelo contrário. Ovais tem seus grandes desafios. Mas nem só de ovais é feito um campeonato competitivo. Chega uma hora que fica chato. Ovais são legais? Sim. Mas tudo em exagero fica ruim.
Tecnicamente, tanto os F1 quanto Indycars são fantásticos. Os carros da Dallara não são tão sofisticados, mas possuem motores maiores (não fabricados por ela, mas fornecidos por outras marcas) e atingem velocidades altíssimas nos circuitos ovais, onde provavelmente "dariam um pau" nos F1. Já nos circuitos mistos, os F1, que apesar de terem motores menores, são mais potentes e tem uma aerodinâmica mais desenvolvida, se dão bem melhor. O que já foi provado com os tempos de volta de ambas categorias no circuito Gilles Villeneuve, no Canadá. Os pilotos da Indy não tem que se preocupar com trocentos botões em seus volantes, mas por outro lado a direção é mais pesada.
Clique para ampliar os quadros de comparações técnicas. (Fonte: Estadão) |
Os carros mudaram desde 2009 (ano desse comparativo), mas acredito que estes dados ainda são válidos como padrão de comparação, e provavelmente não mudarão tanto nos próximos anos. Vão sim, principalmente pelas futuras e profundas mudanças da Fórmula 1. Mas acredito que o desempenho não vai mudar muito.
A rivalidade sempre vai existir, e acho que pilotos de uma deveriam respeitar mais os pilotos da outra, porque seja em qual categoria for, vida de piloto não é nada fácil. Eu gosto muito das duas categorias, e acredito que ambas, em termos de fórmula, estão no topo do automobilismo mundial. E não muito atrás delas, há outras. Depois não posso reclamar quando dizem que eu sou fico em cima do muro (risos). Apenas tento ser imparcial e justo.
O que eu tiver errado da Indy, tecnicamente, fiquem à vontade para corrigir nos comentários. É uma categoria sobre a qual eu leio menos. E claro, podem dizer mais pontos positivos e negativos das duas categorias que eu tenha esquecido.
Um abraço!
Paulo Vitor