Chegamos ao meio do campeonato, e por isso, devemos dar uma olhada no que aconteceu e acho que também vale a pena dar uma especulada no futuro. Vou comentar sobre cada equipe, na ordem inversa delas no mundial de construtores.
Atualização (07/08/2015): quando eu disser que nas férias, as equipes continuam dando seu melhor para voltarem com o carro bem evoluído, entenda que, na verdade, o vapor só deve sair da cabeça dos engenheiros, pois eles tem mesmo que parar de desenvolver os carros, mas naturalmente, tem novas ideias ao longo desse tempo.
Manor Marussia:
Parecia ser o fim da Marussia, mas ela ressurgiu das cinzas com o pré-nome Manor, trazendo Will Stevens e Roberto Merhi para seus cockpits.
O carro, é o mesmo do ano passado, só que com algumas atualizações que o adaptaram ao atual regulamento. Seu motor Ferrari, salvo engano, é a versão do ano passado. Ou seja: eles estão se arrastando mais do que nunca, coitados. E carregam o peso dar mortes de María de Villota e Jules Bianchi.
Eu até gosto de ver times pequenos aparecento mas, infelizmente, a Manor não vai muito longe. E diga-se de passagem, é a última sobrevivente das nanicas que entraram no campeonato em 2010.
McLaren-Honda:
Talvez a maior decepção da temporada, visto que as expectativas eram altas da volta de sua gloriosa parceria com a Honda, embora todos soubessem que tinham muito trabalho pela frente. Mas ainda mais depois do suposto "choque do trovão" (e olha que o Pikachu é japonês), os nipônicos resolvram ir devagar com a potência, às vezes sequer usando o ERS, o que fazia o MP4-30 disputar posições com o... MR03B.
Aliás, nem na pré-temporada não conseguiam andar direito. O chassi é até bom, como de costume da equipe de Woking, mas o motor tem deixado muito a desejar tanto em potência quanto em confiabilidade.
Outro problema é que engenheiros ingleses e japoneses não se acertam. Algo que o pessoal da McLaren testa já prevendo que não vai dar certo e realmente não dá certo, não é descartado pelos japoneses, que insistem em testar de novo, de novo e de novo. E com isso, eles acabam perdendo tempo no desenvolvimento do carro.
Mas de poucas etapas para cá, aos poucos a equipe tem começado a colocar as garras para fora, eventualmente marcando até alguns pontinhos, o que no início do ano parecia impossível. E se antes não saiam do Q1, agora já vão ao Q2. Sim, eles tem ganhado potência e, em pistas que motor é o de menos, como Mônaco e Hungaroring, Jenson Button e Fernando Alonso conseguiram tirar a diferença no braço.
E se conheço bem a equipe, a fábrica estará a todo vapor nessas "férias", para voltarem prontos para tentarem, pelo menos, ficar constantemente no pelotão intermediário e marcar mais alguns pontos.
Sauber F1 Team:
Bem melhor do que na temporada passada, quando não marcou pontos, pelo menos nesse ano a Sauber já começou pontuando, tanto com Felipe Nasr quanto com Marcus Ericsson.
O motor Ferrari veio bem melhor dessa vez e, um pouco atrasado em relação aos carros da Scuderia (mais ou menos duas corridas de diferença), eles tem recebido atualizações.
Quanto ao desenvolvimento do C34, que no geral é um carro razoavelmente bom, está algo meio... confuso. Às vezes estão no ritmo da concorrência, outras ficam para trás ou se adiantam um pouco. E a equipe tem passado por pequenas mudanças na área técnica, aparentemente para melhor.
Aparentemente eles tem sofrido um pouco quando um circuito exige muito downforce, o que já é uma questão aerodinâmica.
Acontece que a Sauber, embora tenha todo o meu respeito por ser uma garagista, sofre com certas limitações por este mesmo motivo. Nem simulador eles tem.
Scuderia Toro Rosso:
Chamando a atenção pela precocidade de seus pilotos, Carlos Sainz Jr. e Max Verstappen, especialmente quanto ao segundo, a Toro Rosso tem feito bonito na pista.
Carlos costuma marcar menos pontos do que Max, mas ele sabe ser rápido, sim. Max deu uma vacilada em Mônaco e, só por ser arrojado naquela ocasião, ganhou fama de barbeiro. Lembrem-se que são garotos (falou o "idoso" que vai fazer 22 anos no próximo domingo) e estão em seu primeiro ano na Fórmula 1, além de que, pelas idades (20 e 17 anos, respectivamente), não tem tanta experiência em fórmulas e vão, sim, cometer alguns erros. Mas potencial esses garotos tem de sobra, e eles tem me impressionado bastante.
Quanto ao carro, não há muito o que falar. O STR10 tem se dado melhor com os motores Renault do que os carros da Red Bull, apesar de que algumas unidades já lhes deixaram na mão quando conquistariam bons resultados.
Lotus F1 Team:
Essa só vai brigar com na tabela com a Force India e a Toro Rosso, e isso nós sabemos pelo estilo de gestão de Gérard Lopez e analisando os anos anteriores da equipe.
A Lotus é outra equipe que vem bem melhor em comparação ao ano anterior, e antes disso, ela fazia pódios e, vez ou outra, ganhou com Kimi Raikkonen. Por que? Como disse o próprio Lopez, 2012 e 2013 foram anos em que eles se empolgaram em alcançar as equipes de ponta e, por consequência de terem investido muito no desenvolvimento dos carros desses anos, quando houve a mudança profunda no regulamento em 2014, eles não puderam fazer grandes coisas para aquele ano, pois gastaram o que tinham.
Agora com o motor Mercedes-Benz, eles já melhoraram bastante e, de poucas etapas para cá, tem deixado o E23 Hybrid cada vez mais veloz. Mas se outras equipes estão muito distante na pontuação, é melhor não correr atrás delas e ficar como equipe intermediária mesmo, para não correr o mesmo risco de novo, até porquê a próxima grande mudança já virá em 2017.
Quanto aos pilotos, Romain Grosjean e Romain Grosjean tem aquela fama de Nigel Mansell (segundo Nelson Piquet sobre o Leão): idiotas velozes. Ou seja, é uma dupla rápida, mas que erra muito.
Quanto ao francês, acho ele mais habilidoso e que nem merecia mais a má fama, mas ainda implicam com ele. Só que ele não tem sido muito expressivo esse ano.
Já o venezuelano tem chamado muita atenção, mas longe de ser pelos melhores motivos... Na última corrida, perdi a conta de quantas punições tomou. E se topa com Verstappen ou Sergio Pérez pelo caminho, podem esperar trocas de tintas e rodas saindo do chão.
Sahara Force India:
Se não começaram o ano tão bem, com uns apertos financeiros (as coisas melhoraram de lá pra cá com os investidores mexicanos, mas estão sempre sobre a corda bamba) que atrasaram o lançamento do VJM08, desde que começaram a usar o segundo carro, o VJM08B, mostraram que tem um grande potencial de evolução. Pena que agora não vão poder trabalhar tanto com ele.
Pérez, apesar das barbeiragens já mencionadas, é um cara rápido. E Nico Hulkenberg, apesar de tudo o que acontece com ele na Fórmula 1, também entrega bons resultados quando não tem nenhum azar.
Infiniti Red Bull Racing:
Começaram atrás de Mercedes, Ferrari e Williams. Tem um chassi bonzinho, até (não tanto mais, pois Adrian Newey diminuiu sua participação nos F1) e penaram demais com o motor Renault. Mas agora, já miram pódios. Em Silverstone foi quase e, na Hungria, veio em dose dupla, com Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo.
Williams Martini Racing:
Mais ou menos no mesmo patamar do ano passado, se antes disputava com a Red Bull, a Williams agora vem tendo como maior rival a Ferrari.
De Felipe Massa e Valtteri Bottas, não é preciso dizer muito. São pilotos com características diferentes que, dessa forma, se complementam - dentro e fora da pista - em uma dupla e tanto. Pilotos que vem mostrando competência. Só são avacalhados por circunstâncias de azar e más estratégias da equipe.
O FW37 é um bicho que não sabe o que quer da vida. Às vezes está bom, outras não e nem sempre isso acontece por causa do tipo de pista em que está correndo. É uma evolução do FW36, mas em relação a este quando comparado aos rivais, seu sucessor perdeu algumas características positivas, como não consumir muito combustível (podendo assim liberar mais torque e potência) ou pneus. Mas no geral, são parecidos.
Scuderia Ferrari:
Única capaz de se impor perante as Flechas Prateadas, a Scuderia di Maranello é o quem tem garantido alguma emoção na parte da frente do grid neste campeonato, quando não está brigando com a Williams e, possivelmente, na segunda parte da temporada terá que lidar com a Red Bull.
Com Sebastian Vettel, a Ferrari SF15T cruzou a linha de chegada em 1º lugar em duas ocasiões: nos GPs da Malásia e da Hungria. Essa era a meta de Maurizio Arrivabene em seu primeiro ano de chefia, e ele tem sido ótimo no cargo que ocupa. E Kimi Raikkonen, quando não é azarado, consegue tirar muito proveito do carro.
Agora eles podem tentar superar as expectativas e não duvido que vençam mais. E eles não vai ficar de braços cruzados ao longo de quase todo o mês de agosto, além desse restinho de julho. Arrisco aqui um palpite para uma vitória no GP de Cingapura.
Como já disse, o motor Ferrari ficou bem melhor esse ano. Pertinho do Mercedes-Benz. Trazidos da Lotus, dois grandes colaboradores para o desenvolvimento do chassi são James Allison e Dick de Beer. Há ainda outros nomes envolvidos, é claro. Quis destacar esses dois, porque o primeiro é o nome mais forte em termos gerais, e o segundo tornou o vermelhão bem fluido aerodinamicamente falando.
Mercedes AMG Petronas:
O que dizer? O W06 Hybrid é um carro que se dá bem em todos os circuitos e tem uma confiabilidade muito mais alta que o seu antecessor. Só enfrenta maiores dificuldades quando corre em pistas muito quentes e, consequentemente, com um maior desgaste de pneus. O que explica parte disso é o fato dele ter muito downforce, que geralmente é bom, mas pode atrapalhar nas pistas mais velozes. Também não é muito bom nas largadas e, ultimante, tem sido ainda menos bom.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg são rápidos e tem tudo para vencer, conquistando o bicampeonato para a Mercedes talvez mais cedo do que o fizeram no ano passado. Agora qual dos dois será campeão entre os pilotos, ainda não sabemos. Já dizer que Vettel pode entrar na briga, bem, não é impossível, mas tem que ser muito otimista e contar muito com a sorte (ou melhor, com o azar contra as Flechas Prateadas).