domingo, 17 de julho de 2016

Fórmula 1 - "E se Senna não tivesse morrido?" Estaria vivo... só sabemos disso.

Há pouco mais de uma semana, publiquei o texto que virá logo aqui abaixo lá no meu Facebook. Lá, pois temi que os leitores daqui não gostassem. Porém, acabou sendo bem recebido, o que me encorajou trazê-lo para cá. Só peço perdão pela formatação diferente. Isso acontece quando copiamos e colamos um texto lá da rede social aqui no editor do Blogger.

PS: eu mencionei Jules Bianchi, e hoje faz 1 ano que ele se foi. :-(

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Um abraço!


Estava navegando pelo YouTube, quando um vídeo me chamou a atenção: mais um dos muitos "E se Ayrton Senna não tivesse morrido?", geralmente feitos por canais que nada tem a ver com Fórmula 1 (ou são, aliás, dos "fãs" de F1, assim como os "fãs" de tênis... da época que o Guga jogava, somente), com umas expectativas tão otimistas, que eu adoraria saber o que esse povo bebeu antes de escreverem os roteiros desses vídeos. Seria 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 vezes campeão.
Gente... vamos com CALMA! Tudo bem que é impossível prever essas coisas. Mas eu vou tentar dar algumas hipóteses mais realistas para vocês.
"Ai, Paulo, isso é porquê você não acordava naquelas memoráveis manhãs de domingo." É verdade. E que ótimo, pois é justamente isso que me livra de um julgamento mais passional e menos racional. Mas sinceramente? Eu não só não os reprimo por isso, como até os invejo. Queria ter vivido aquelas manhãs de domingo - antes que me joguem as pedras que certamente já estão em vossas mãos, hahahaha.
Senna era um piloto excepcional? Óbvio! Disso, não há como discordar. E ele possivelmente ganharia mais títulos, sim, SE estivesse sempre nos melhores carros - para dizer o mínimo. Além do piloto, existem muitos outros fatores nos esportes a motor.
Então vamos lá... 1994, num 1º de maio que, na pior das hipóteses, ele ainda bateria o carro na curva Tamburello, mas sobreviveria.
Michael Schumacher, da Benetton, e Damon Hill, da Williams, disputaram aquele campeonato até o fim. Curioso que, Hill, embora tenha sido campeão em 1996, não era lá um piloto espetacular assim, com todo respeito. Estranhamente, ficou muito bom do meio daquela temporada pra frente, o que me faz cogitar a possibilidade da Williams ter feito alguma mutreta como a rival Benetton. Controle de tração, quem sabe, como salvo engano a McLaren também foi acusada. Enfim, se Hill chegou ao final podendo ser campeão, é bem provável que Senna também conseguiria. Então, sim, o tetracampeonato do brasileiro poderia ter vindo naquele ano, ou claro, poderia perdê-lo para o título de Schumacher, como ele acabou conquistando naquele ano.
Em 1995, devido ao final do ano anterior, creio que Senna estaria satisfeito o suficiente para permanecer onde estava. Ainda mais se fosse tetra. Mas no final daquele ano, daria alemão. A Benetton foi um canhão.
Aqui chegamos num ponto importantíssimo: insatisfeito, Senna continuaria na Williams?
Renovando seu contrato por pelo menos mais 2 anos, eu não duvido nada que ele venceria os campeonatos de 1996 e 1997, vencidos por Hill, como eu já disse, e posteriormente por Jacques Villeneuve. Ou renovando por 1 ano e sendo campeão mais uma vez, ele iria querer ficar lá mais.
Mas Senna é um multicampeão. Ele não iria querer ficar de figurante no grid. Mais: ele estaria chegando aos 36 anos, que é a idade em que um piloto, mesmo um gigante, pode começar a pensar em aposentadoria. Pode ser bom o tanto que for, que os reflexos não se comparam aos dos jovens pilotos. Mas vamos considerar que Senna era um cara fora de série, como realmente era (mas não um deus, óh fieis da Igreja do Câmbio Travado - e nem o único), e se aposentasse aos 40, no ano 2000, com um desempenho não tão inferior ao qual tinha no ápice de sua carreira.
Todo mundo sabe que Senna queria se aposentar na Ferrari, como o mesmo vivia dizendo. Reza a lenda ainda, que ele até tinha um pré-contrato com a Scuderia di Maranello, válido a partir de 1996 caso ele realmente fosse para lá.
Se ele fosse para a Ferrari, não podemos afirmar se ganharia mais títulos ou não. "Ué, Paulo, mas a Ferrari não foi campeã em 2000? Ele se aposentaria com seu último título!" Poderia ser assim, ou não, meu/minha jovem padawan. A Ferrari virou aquela máquina de fabricar títulos com a ida de Schumacher para lá em 1996, pois junto com ele, acabaram indo os engenheiros da Benetton que ajudaram os italianos a construírem o que talvez tenha sido o maior dream team da história da Fórmula 1: o inglês Ross Brawn e sul-africano Rory Byrne, sob a tutela do chefe Jean Todt, atual presidente da FIA. Ou seja, não fosse pela ida do alemão pra lá, a Ferrari provavelmente não teria se tornado aquela Coca-Cola toda e, de saco cheio de não ganhar mais nada, talvez a Fiat até tivesse tirado a Scuderia do certame. Lembrando que isso é só uma possibilidade. Sei lá, Senna também poderia levar um bom time de engenheiros e fazer a Ferrari voltar aos seus dias de glória até mais cedo. Por que não?
Mas há de se lembrar ainda de outra combinação fantástica de homem-máquina: Mika Hakkinen a bordo da McLaren, o adversário que Schumacher mais temeu e respeitou. O finlandês conquistou seu bicampeonato em 1998 e 1999. Senna poderia vencê-lo, ou não. Ou, criando um terceiro caminho lá no final de 1995 (ou de 1997), o brasileiro poderia ter voltado para a McLaren, onde tinha uma boa relação com Ron Dennis e este certamente iria querer seu Ás de volta. Lá, mais uma vez, poderia ou não ter sido campeão nos anos que seriam do Hakkinen. Lembremo-nos sempre das muitas variáveis.
Isso só para ter um mínimo de noção, viram como é complicado, gente? Senna poderia ganhar tanto mais um ou mais títulos, tanto como poderia não ter ganho mais nenhum. Mas independente de números, podemos ter uma certeza: mais emoção, não faltaria.
PS: sem querer ver coisa boa em tragédia, mas... há males que vem para o bem. Não fosse a morte de Ayrton Senna, a Fórmula 1 não teria se tornado uma categoria tão segura como é hoje, pois foi graças àquele acidente naquele 1º de maio de 1994, que começou a se preocupar muito com a segurança dos pilotos, que começaram a exigir mais isso. A categoria só voltou a ver um piloto morrer recentemente, quase exatos 20 anos depois (isso em um Grande Prêmio, pois a reserva Maria de Villota morreu em testes há poucos anos, mas numa situação que jamais aconteceria em pista), com o acidente de Jules Bianchi no GP do Japão de 2014 (ele vegetou por mais 9 meses antes de morrer, o que veio a acontecer em meados de 2015). E por causa deste acidente, mais mudanças virão no ano que vem, com a adoção do Halo, que é um dispositivo que protege a cabeça do piloto. Não fosse aquele acidente fatal, entre Senna e Bianchi, muitos outros poderiam ter morrido (incluindo o próprio Senna, que poderia ter morrido mais tarde).

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