segunda-feira, 16 de março de 2015

Fórmula 1 2015 - A estreia de Felipe Nasr pela Sauber

(Foto: Instagram do Felipe Nasr)
Após rever o GP da Austrália, vamos à uma análise mais realista da brilhante estreia de Luiz Felipe Nasr e ver como ele chegou ali. Não, não apenas como ele conquistou o 5º lugar (melhor resultado de um estreante brasileiro, e o primeiro marcar pontos), mas como chegou à Fórmula 1 e a princípio, fez com que ignorassem o rótulo de pay driver (piloto pagante) do Banco do Brasil.

A maioria do público "conheceu" Felipe no final de 2013 ou em 2014 na GP2 Series, por ele ter disputado o título em ambas as temporadas.

Eu o "conheci" no final de 2011, quando ele foi campeão da Fórmula 3 Inglesa. Mas ainda antes disso, fui descobrir que ele foi campeão da Fórmula BMW Europeia em uma dominante temporada em 2010 e o que o levou ao Velho Mundo, foi nada menos do que um tricampeonato brasileiro de kart do meio para o final da década passada.

Então aí sim, chegando à GP2 em 2012, Nasr já chamou atenção logo em seu primeiro final de semana, na Malásia, subindo ao pódio, o que se repetiu algumas vezes ao longo daquele ano. Em 2013 vieram ainda mais pódios e a disputa pelo campeonato sem sequer ter vencido e finalmente em 2014, vieram as vitórias e uma campanha ainda mais competitiva.

Lembrando que 2014 também foi o ano dele como reserva da Williams, o que com certeza o ajudou bastante em sua estreia como titular por causa dos treinos que fez com o time de Grove. Por isso ele pôde estrear de forma mais tranquila, na medida do possível, na Sauber. A equipe suíça arriscou ao contratar dois pilotos de pouca experiência, mas pelo menos Nasr aprende rápido e aprendeu muito sobre os F1 na Williams, inclusive com seu xará Massa, que é muito técnico também neste aspecto. Ele ainda vai conhecer muito as "entranhas" do bólido, mas pelo menos já dá um bom feedback aos engenheiros. Marcus Ericsson também tem lá a sua experiência como titular (porém na lenta Caterham) e aos poucos, tem melhorado seu desempenho. E se a Sauber conseguiu deixar o carro tão competitivo nesta primeira etapa mesmo sem ir à pista na primeira sessão de treinos livres, pois lembrem-se da importância dos treinos, talvez o desenvolvimento do C34 não ofereça muitos obstáculos.

Finalmente chegamos à Austrália, mas antes de irmos ao Albert Park, vamos ao tribunal. Luiz Felipe lidou bem com a pressão de todos os acontecimentos judiciais, para um piloto de 22 anos. Mostrando que é maduro o suficiente e tem a cabeça no lugar. Agora sim, vamos à pista.

Por pouco essa excelente atuação não foi apagada ainda na curva 2 da primeira volta. Lembram-se do acidente de Pastor Maldonado que provocou a entrada do safety car? O venezuelano rodou por causa de um toque com o brasiliense (Nasr é de Brasília, pra quem não sabe). Diga-se de passagem que o piloto da Sauber foi espremido pela Lotus e pela da Ferrari de Kimi Raikkonen, na qual ele também tocou. Micro parcelas de tempo e espaço fizeram-no sair inteiro daquele sanduíche.

Nesta mesma volta 1, largando em 10º ao herdar uma posição graças ao abandono (ou melhor, a não largada) de Valtteri Bottas da Williams, ele já pulou lá para frente e com a saída do safety car, superando Daniel Ricciardo da Red Bull e Carlos Sainz Jr. da Toro Rosso, foi o 5º. Não diria que Nasr teve sua posição ameaçada, mas seu maior adversário foi o australiano. Por sorte, o RB11 deste não contava com muita potência do motor Renault (em relação aos demais, obviamente), inferior ao Ferrari - usado pela Sauber - que foi bem desenvolvido no inverno europeu, e também estava visivelmente muito tendencioso a sair de frente.

No troca troca (opa) de posições dos boxes e com o passar das voltas, Raikkonen que estava lá atrás, acabou ficando com o 5º lugar, até... abandonar por estar com uma roda solta. Sendo assim, o que já seria um histórico 6º lugar, tornou-se um 5º melhor ainda. Felipe Nasr ficou cheio de moral dentro da equipe, que não pontuava desde 2013.

Ele tem talento e potencial para se desenvolver ainda mais? Com certeza. Mas vamos com calma. Primeiro, lembremo-nos de que ele está numa Sauber que está começando a se reerguer, e já gastou boa parte do patrocínio que tinha durante a pré-temporada, na construção do chassi e pagando dívidas (e agora ainda tem mais uma com Giedo van der Garde). Não vamos exigir do cara mais do que ele pode nos dar, pois a responsabilidade que ele tem já é grande. Se ele a princípio se livrou de um rótulo, como eu já havia dito, agora vai ter que manter mais ou menos esse nível, e nem sempre poderá contar com a sorte.

Outro detalhe importante é que na Fórmula 1 de hoje, se chega alguém com patrocínios ainda maiores e não restar vagas no grid, pilotos com poucos anos de experiência, por melhores que sejam, perdem seus cockpits. Os próprios Nasr e Ericsson fizeram isso com Adrian Sutil e Esteban Gutiérrez. Ah! E com van der Garde. Mas claro, não só por isso são contratados. Nasr quase entrou na Sauber em 2014, o que só não aconteceu porque antes de sua entrada, a equipe queria vitórias na GP2 - o que ele cumpriu muito bem posteriormente. Mas isso foi bom para o amadurecimento dele, tanto dentro quanto fora do carro.

Subindo um degrau de cada vez e com o apoio da torcida (mais ajudando do que cornetando quando ele tiver uma mínima falha) que deve ser mais sensata nas expectativas que cria, esse rapaz pode ir longe. Também se a Glo... digo, RGTV, não tentar - de novo - criar um novo Ayrton Senna (o que normalmente só prejudica os caras).

Parabéns por tudo isso, Luiz Felipe Nasr.

(Foto: EFE)
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Um abraço!
Paulo Vitor

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