domingo, 30 de novembro de 2014

A Curva do Café: reforma já!


O Autódromo Internacional José Carlos Pace é um dos maiores do Brasil e dos melhores do mundo (em termos de traçado). Foi reformado em 1990 para voltar a sediar os GPs da Fórmula 1, tendo seu traçado clássico drasticamente mutilado. Mas algo está lá desde sempre, e dá o que falar: a Curva do Café. E qualquer reforma no circuito, como envolve política (que nem preciso comentar como é por aqui), dá a maior dor de cabeça para ser realizada.

Decidi escrever este post, porque há alguns minutos (quando esse post sair, já vai ter passado mais tempo) Mark Webber (ex-Fórmula 1 tendo sua última participação em 2013 pela Red Bull), piloto de LMP1 da Porsche no World Endurance Championship (WEC) que até então participava da etapa 6 Horas de São Paulo, acabou sofrendo um grave acidente nesta curva. Junto com ele foi uma Ferrari 458 Italia da AF Corse. A batida e o estrago foram assustadores, principalmente para o australiano, mas felizmente ambos os pilotos estão bem. Aliás, na maca pela qual teve que ser retirado (procedimento padrão, independente do estado do piloto), Webber já fez um joinha para verem que ele estava bem... ao contrário de seu 919 Hybrid, que virou uma deformação metálica em chamas. É impressionante a segurança do habitáculo dos LMP1.


Porém esta não foi a primeira pancada do canguru em Interlagos. Correndo pela Jaguar em 2003, ele teve outro acidente feio nessa mesma curva, que acabou envolvendo ainda Fernando Alonso, que se surpreendeu ao encontrar com os destroços no meio da pista, atingindo-os e consequentemente batendo. Anos depois, foi neste circuito que Mark se despediu dos monopostos. Também na Fórmula 1, teve outro acidente forte ali, de Nico Rosberg, pela Williams, salvo engano em 2006, seu primeiro ano na categoria.


Mas não "só" de sustos são base das reclamações. Há a morte. Como acontece em categorias menos conhecidas, muitas pessoas não sabem que a Curva do Café é fatal. Em 2007, pela Stock Car Light, Rafael Sperafico (primo de Ricardo e Rodrigo) morreu instantaneamente. Em 2011 a vítima foi Gustavo Sondermann, que corria na Copa Montana. Naquele mesmo ano teve algum outro acidente fatal, não me lembro se em track day ou em curso de pilotagem.


Tudo bem que de dezenas ou centenas de carros que passam ali, em incontáveis voltas, é uma vez ou outra que acontece. Mas acontece, e de uma forma que poderia ser muito bem evitada. O problema é que aquilo ali é uma curva de pé embaixo, feita a mais de 200 km/h e com um muro bem ao lado do asfalto! Isso é insano!

Para a Stock Car e outras categorias nacionais, que se tornaram prioridades depois do acidente do Sondermann, fizeram uma chicane que até então resolveu muito bem o problema. Mas para as categorias internacionais bem mais rápidas, que não usam este recurso, não é o suficiente.

A FOM, mercenária como é, implicaria contra derrubarem as arquibancadas só especificamente daquele ponto, para fazerem uma área de escape. Isso tiraria, por baixo, uns 500 mil reais de lucro. Já o WEC é menos comercial. Com uma mãozinha da FIA, quem sabe? Se transferirem mesmo o paddock para a reta oposta, dá para compensar a perda e até aumentar a quantidade de lugares para o público na área do paddock antigo.

Reformas já, por uma área de escape na Curva do Café! Porque mantê-la pelo preço das vidas de outros pilotos, é algo bem mais alto do que podemos pagar! É inaceitável que nada realmente eficaz tenha sido feito desde 2007.



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Um abraço!

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