terça-feira, 18 de março de 2014

Dirigir (mais voltado à reprovados e recém habilitados)


Ei, você que "tomou pau" no exame de direção... Alguns sortudos (ou não), não passam por isso. Quem já passou, sabe o quanto é chato. Mas depois que você consegue sua aprovação, vê que aquilo não significava nada demais. Enfim, eu queria deixar aqui um recado, para talvez servir de motivação para aqueles que hoje estão passando por esse porre chamado auto escola. Experiências de quem foi reprovado duas vezes (uma por nervosismo e falta de atenção, outra por uma freada desnecessária do examinador).

Como diz um instrutor que eu tive, "auto escola não ensina a dirigir. Ensina a tirar carteira." Existem muitos pessoas habilitadas que não são motoristas, e muitos motoristas que não são habilitados.

O que uma auto escola ensina, é algo "robotizado", sem graça, para quem vê o carro apenas como um instrumento de locomoção, e nada mais além disso. Ensina apenas a ser um manobrista de estacionamento (com todo respeito à profissão, pois estes devem ter um domínio impecável sobre diferentes tipos de carros). Mas na hora do aperto, numa emergência muitas vezes esses alunos não saberão como lidar para escapar de um acidente. Cadê aquele lance de "sentir o carro"? Isso não existe para a auto escola, e muitas vezes para essas pessoas também não. Se você é um desses, está perdendo toda a graça da coisa, mas tudo bem. Mesmo assim, para o seu bem deveria ser mais próximo do seu automóvel.

Sabe aquela roupa desconfortável que você veste, com a qual não consegue fazer nada, e aquela outra que te dá conforto e total segurança para fazer todo tipo de movimento? Com um carro não é muito diferente. Sempre terá aquele(s) que "te veste bem", aquele que te completa, como se fosse uma extensão do seu corpo. Aquilo de "sentir o carro" que eu já mencionei, tão presente em filmes e desenhos automobilísticos, não é mentira! Mas isso é muito mal aplicado àqueles que estão se preparando para conseguirem suas habilitações. Por sorte, há quase três anos eu tive um instrutor que pensa diferente desse método.

Se na sua auto escola tem Fiat Mille (não o Uno) ou Volkswagen Gol, escolha um desses. Dos carros que eu conheço, estes são os melhores para aprender, e começar a sentir o carro. Particularmente, gosto mais do Gol, mas sou suspeito para falar, pois é o carro que eu mais dirijo aqui. Não que ele "me vista" melhor só pelo tempo, pois também ando num Volkswagen Fox, e esse já não faz tanto o meu estilo de direção. Sei dirigi-lo normalmente, mas não sei explorar tão bem o potencial dele como sei no Gol. Não pela motorização, mas principalmente no que é relacionado a estabilidade e dirigibilidade.

Voltando ao foco, não se sinta mal pela reprovação. Isso não significa que você não sabe dirigir, e aquele seu colega que tirou carteira de primeira de ficou te zoando, talvez seja apenas mais um habilitado que não é motorista.

Por falar nisso... E o tal do "treinamento de habilitados"? Não sei se na cidade de vocês existe esse serviço, mas aqui sim. Com o perdão da palavra: porra, se você tirou carteira de motorista, é porque o examinador acha que você tem o mínimo necessário para ser um motorista! Agora é que o aprendizado de verdade começa pra valer. A auto escola só te deu alguma noções básicas. Ninguém vira motorista ao tirar a carteira. Isso vem com experiência, aprendendo coisas novas a cada dia. Então, ao invés de gastar mais uma fortuna com "treinamento de habilitados" (porque só tirar carteira já é um absurdo de caro), gaste esse dinheiro arrumando qualquer carro, e comece a dar suas voltas! E quando já estiver cansado da cidade, não tenha medo de pegar a estrada. Acredite, é bem diferente e muito melhor dirigir nela.

Vou contar a minha experiência. A primeira vez que peguei uma estrada, foi na porcaria da MG-050, privatizada, com um pedágio abusivo, perigosa e mal cuidada. Mas tudo bem, pois assim até aprendemos mais. Enfim, eu estava com meu pai ao meu lado. Na verdade, ele estava dirigindo e de repente parou o carro no acostamento, dizendo "você tem que aprender a andar na estrada". Confesso que a princípio eu fiquei com muito medo, e dizia a mim mesmo que não passaria dos 80 km/h. Arranquei, e quando me dei conta, algumas centenas de metros à frente eu já estava engatando à 4ª marcha, passando dos 100, 110, 120 km/h... Melhor parar por aqui, certo? (Risos). Mas sério, não passei disso, afinal, era a primeira vez. Obviamente cometi alguns deslizes, mas meu pai teve toda a paciência do mundo para me explicar tudo. Aliás, herdei essa paixão por direção dele. E modéstia à parte, até que no final das contas me saí bem.

Então vem o perigo "sou o rei da estrada, sou fodão, posso tudo". No início, ao perder o medo, ficamos com um excesso de confiança. Não, recém habilitado, você não pode tudo. Você ainda não tem a habilidade do Ken Block (embora eu chame aquilo mais de insanidade - risos). Mas cometer alguns excessos no começo é normal, mas por mais habilidoso que você seja, conhecerá os perigos da direção, que também são oferecidos por outras pessoas. Essas experiências que o tornarão o motorista de verdade, também vão fazer com que você fique mais sensato, e saiba dos limites do que pode, não pode, quando, como e onde fazer.

De forma alguma quero passar uma imagem de que já sou um motorista feito que quer a ensinar a quem "não sabe". Até porquê isso seria ridículo para quem está na metade do seu primeiro ano de CNH - Carteira Nacional de Habilitação (já passei pelo 1 ano da PPD - Permissão Para Dirigir). Eu ainda tenho MUITO à aprender. Mas acho importante compartilhar o pouco que eu já aprendi nesse tempo, e quero incentivar aqueles que se sentem incapazes, quando na verdade ninguém é.

Pelo menos a princípio, é isso o que eu tenho a dizer. Acabei indo além do que eu planejava, e não quero deixar o post muito longo. Se eu lembrar de outras experiências para compartilhar, ou tiver novas, venho aqui compartilhar em um "Dirigir 2" (pelo menos até pensar em um título melhor - risos).

Se você gostou deste post, eu sugiro que leia também o "Velocidade Mata?": 


Um abraço!

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