terça-feira, 24 de junho de 2014

Fórmula 1 2014 - O que está acontecendo com Vettel e Raikkonen?


Dois pilotos de atuações brilhantes no ano passado, vem chamando pouca atenção na atual temporada: Sebastian Vettel, que se tornou tetracampeão, e Kimi Raikkonen, que mesmo sem correr nas últimas provas, ficou em 5º na classificação final, com um carro que nem era de ponta, apesar de vencer a primeira corrida de 2013 (a mudança nos pneus no meio da temporada influenciou na perda de rendimento). Comparações com seus novos companheiros de equipe, vem complicando ainda mais a situação deles. Mas acalmem-se, pois não há nada de errado, e eu já vou explicar o que está acontecendo.


Gerhard Berger foi chefe da Scuderia Toro Rosso quando Vettel era um jovem padawan na equipe italiana satélite da Red Bull, na qual, com um carro bem mais ou menos, em uma temporada disputada pela Ferrari e a McLaren, o alemão, sob a chuva, fez a pole position e venceu o GP da Itália de 2008, em Monza. Os maiores feitos daquela equipe, que não se repetiram.

O veterano austríaco saiu em defesa de seu antigo pupilo, dizendo que ele e Daniel Ricciardo (que é um ótimo piloto) vivem momentos bem diferentes em suas carreiras, e para mim, que já pensava de forma bem parecida, essa explicação faz todo sentido. E ainda vou complementar um pouco.


Vettel teve um tetracampeonato consecutivo, tendo excelentes carros projetados pelo genial Adrian Newey. E não venham com aquela de "é só o carro", pois isso é válido para todos os campeões. Michael Schumacher, Alain Prost, Ayrton Senna (os três numericamente maiores, respectivamente... não confundam com melhores, que é subjetivo)...

Lembrem-se que o regulamento mudou, e isso influenciou demais na pilotagem. Os V6 1.6L turbo oferecem um torque superior ao dos antigos V8 2.4L aspirados, e tem menos pressão aerodinâmica, ou seja: são muito mais instáveis. Lembram-se de que antes, Vettel aproveitava cada milímetro das curvas? Muitos até acusavam o seu RB9 de ter controle de tração, o que é absurdamente ridículo, pois só a tentativa de usá-lo, já seria imediatamente, obrigatoriamente e automaticamente denunciada pela centralina do carro, e detectado pela FIA.

Agora ele precisa de uma pilotagem mais sutil, e não se adaptou tão bem à isso. Sofre com a traseira que não é mais colada ao chão como antigamente. Descobriram que mais no começo do campeonato, havia um defeito no chassi de seu RB10, e corrigido isso, ele melhorou, chegando em 3º lugar no GP do Canadá, enquanto seu companheiro de equipe vencia. Ou seja, ele ainda sabe pilotar muito bem.


É aí que vem a diferença. Enquanto Vettel, que só teve carros superiores, agora está tendo trabalho com um equipamento inferior, a situação de Ricciardo é inversa. O australiano estreou na Fórmula 1 no meio de 2011, correndo pela extinta Hispania Racing Team, a última equipe do grid. Os carros da HRT além de bem menos rápidos, chegando a andar no ritmo da GP2, tinham muito pouca pressão aerodinâmica. Quem doma aquela carroça, melhora seu desempenho com qualquer carro superior que venha posteriormente. Depois ele passou dois anos na Toro Rosso, com carros medianos. Logo, o RB10 é o melhor carro que ele teve na carreira! Então é lógico que a confiança aumenta, e seu desempenho melhora.

Ou seja, melhorou para Ricciardo, e piorou para Vettel. Simples assim.

Dito isso, vem os críticos do alemão, e endeusadores do espanhol Fernando Alonso. Sim, sim, eu concordo que o espanhol tem mais tato com o carro, se adapta melhor e mais rápido, tirando o máximo que pode de qualquer carro em que ele se senta no cockpit. Um piloto rápido (não o mais), habilidoso (seu diferencial), e completo (não o único). Aliás, ele disputou o título de 2010 pois saiu de uma Renault ruim, e pegou aquela máquina da Ferrari F10.


Por falar em Alonso, e as faíscas que todos esperavam que ele e Kimi Raikkonen trocariam, hein? Dois galos no mesmo terreiro era complicado... O finlandês veio da Lotus, de volta à Scuderia depois de ter sido pago para sair da mesma em 2009, como uma promessa de ser um desafio do presidente da Ferrari Luca di Montezemolo ao bicampeão espanhol.


Mais uma vez, é tudo questão de carro. Parece bobagem, mas você aí, motorista, não sente que dirige alguns carros de forma melhor, e outros, pior? Um carro é como uma roupa, e especialmente na Fórmula 1, são projetados e desenvolvidos de acordo com o estilo de pilotagem de determinada pessoa que vai passar mais tempo ali dentro dele.

Como Raikkonen teve um desempenho superior ao de Romain Grosjean na Lotus, os E20 e E21 eram mais para ele. Da mesma forma, Alonso sempre esteve mais em alta do que Felipe Massa em Maranello (só o clima dele com o pessoal de lá que não era lá essas coisas, ao contrário do brasileiro). Por esta razão, com Raikkonen chegando só neste ano, o F14-T é mais no estilo do espanhol, que é o oposto do arrojo finlandês. Os carros dele na equipe inglesa eram mais tendenciosos à ter uma saidinha arisca de traseira, assim Kimi jogava a dianteira para o lado que queria e pisava fundo. Já Alonso prefere um carro mais de dianteira, entrando mais com esta nas curvas, domando a traseira quando necessário, mas como algo secundário.

Seria interessante ver os dois formando dupla na Mercedes AMG, que tem um carro mais neutro, estável. Assim é o W05. Tanto que a disputa está mais equilibrada entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, que também tem estilos diferentes, opostos.


Mas percebam que ambos, aos poucos, estão aprendendo, se adaptando, e melhorando. Todo piloto, sem exceção, passa por isso em algum momento da carreira


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Um abraço!
Paulo Vitor

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