segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fórmula 1 2015 - Fique, Red Bull


Subjetivamente, para mim a Red Bull Racing nunca fedeu, nem cheirou. Quando julguei que estivessem com a razão, apoiei, e quando foi o contrário, critiquei. Mas em questão de simpatizar ou não com a equipe, sempre fui indiferente.

Objetivamente, ela é uma gigante. Jovem, mas gigante. Só está indo mal nos últimos 2 anos, porém, ainda conta com um orçamento bilionário. Gigante como empresa, e gigante como equipe dentro e fora das pistas, que atingiu grandes feitos com méritos, e tendo um pessoal muito competente.

"Ain, mas não tem tradição e mimimi...", me dirão os torcedores das rivais mais antigas, como Ferrari, McLaren, Mercedes (apesar do hiato), Williams, ok, Sauber também e a partir de 2016, Renault, de volta (também com idas e vindas). Nossa, mas que "argumento" é esse? Claro que não tem tradição, mesmo! É uma equipe que conta com apenas 11 temporadas em seu currículo, ora. Ninguém nasce grande. Então a Red Bull, já que é sem tradição, não pode nem ter uma torcida? E nesse período no qual só daria tempo dela engatinhar, ela ganhou 4 campeonatos consecutivamente. Enquanto montadoras como Honda, BMW e Toyota, deixavam a Fórmula 1.


Sabe, ultimamente vendo esse toma lá da cá dos torcedores, eu tenho me sentindo um "tio" separando as crianças do jardim de infância.

Se pelo ponto de vista de equipe de corrida, o choro rubro-taurino já é terrível, daquela criança que acostumou a ganhar rápido, do outro lado, ouço um choro rancoroso, tão terrível quanto, de quem perdeu campeonatos para os austríacos em 2010 e 2012, e que também se acostumaram a ganhar demais em um período de alguns anos. Maus perdedores dos dois lados. Percebem as semelhanças? Não fosse a diferença de idade, poderiam ser gêmeos separados na maternidade.

Não levem para o lado pessoal, tifosi. Vocês tem a torcida mais linda da Fórmula 1, e eu já deixei isso bem claro aqui várias vezes. Não só por ser a maior e da equipe mais antiga, mas pela paixão que demonstram. Na vitória ou na derrota, apoiam a Scuderia, sempre. Ao contrário do que muitos acusam, não vejo como hipocrisia "santificar" aqueles que antes vocês "demonizavam", como Kimi Raikkonen, Fernando Alonso e Sebastian Vettel - até porquê não são todos que fazem isso. Muito pelo contrário, mostra ainda mais esse apoio todo que vocês dão. Se antes não corriam para vocês e os derrotavam, é compreensível não gostar muito do piloto. Mas bem que poderiam pelo menos reconhecer o talento dos caras antes deles vestirem vermelho, rs.

A Fórmula 1 já vem andando com as pernas meio bambas desde o final de 2008. Continua sendo uma máquina onde se gasta e onde se faz muito dinheiro. É a maior categoria do mundo, porque é a que movimenta mais dinheiro; é onde estão marcas de carros como Ferrari, McLaren e Mercedes; é onde o nível de desenvolvimento de tecnologia é absurdamente alto. Mas apesar de todos esses fatores, ela é uma senhora de 65 anos que não pode ficar se dando o luxo de perder grandes investidores.

E a Red Bull investiu, e investiu muito. No momento, perdê-la não seria o mesmo que fechar uma HRT ou uma Caterham. Seria amputar um membro muito importante. Ou pior, amputar dois, pois junto sairia a Toro Rosso.

Para início de conversa, teríamos quatro carros a menos no grid. Não é muito legal, mas dá para aguentar. Só que com um grid mais esvaziado, outros patrocinadores perderiam o interesse. Seriam menos carros para estampar suas marcas. E aí viriam com o argumento de inserir o terceiro carro por equipe, quando ao mesmo tempo discutem corte nos custos da categoria, pois como eu já disse, as coisas não vão bem. Gente, cadê a coerência?

Fora que ficar adiando essas decisões importantes, como o terceiro carro, e também o fato da Red Bull estar sem fornecedor de motores do ano que vem, só atrasa o desenvolvimento dela e da Toro Rosso para a próxima temporada.


E os pilotos para os quais a empresa dá acesso através de seu programa de desenvolvimento? Uma das melhores portas não só para a Fórmula 1, como também para o DTM, IndyCar, WEC, Formula E... como António Félix da Costa, Stefano Coletti e Neel Jani, como exemplos. O que seria desses pilotos? E dos que ainda estão em formação nas categorias de base? O que seria de Carlos Sainz Jr., Max Verstappen, Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat, que já estão lá?

Óbvio que a Red Bull não é vítima. As atitudes dela, apesar de pirracentas, são compreensíveis do ponto de vista econômico. Embora a empresa hoje seja muito mais do que uma simples fabricante de energéticos, a Fórmula 1 para ela é apenas um negócio a ser explorado, um lugar pra fazer marketing.

Se a safra não é mais a mesma de antes, é normal que queiram se retirar. Mas podiam ser um pouco mais persistentes, hein, Dietrich Mateschitz? Se querem ser aquilo que os acusam de não ser, uma verdadeira equipe de corrida, com tradição, devem passar por esses períodos turbulentos, pelos quais todas as gigantes já passaram uma ou mais vezes, ou passam.

Por essas e outras, por favor, fique, Red Bull. Fique chorando, mas fique. E rivais, eu imploro, não "futebolizem" o automobilismo. Aqui, com todo mundo junto, as coisas funcionam de forma bem melhor. Querendo ou não, as equipes precisam umas das outras, assim como precisam da Fórmula 1 e a Fórmula 1 precisa delas. Nos últimos anos, mais do que nunca.

Afinal de contas, todos nós amamos o automobilismo! E quanto mais competidores e quanto mais competentes eles forem, melhor! Maior é o espetáculo, e temos mais emoções nas corridas!


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Um abraço!

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