quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Fórmula 1 que foi, que é, e que está por vir


O que quero dizer aqui, não é especificamente sobre pilotos e aspectos relacionados às habilidades dos pilotos. Não dessa vez. Mas o lado mais técnico, do que vem acontecendo, e o que está para acontecer.

BMW de 2008.
Lembrem-se de que até 2008, os carros pareciam naves espaciais ultra modernas, cheios de “asinhas” aqui e ali, com um formato todo bem, digamos, agressivo. Veio 2009, e ficou tudo “liso”. Sumiram todas esses detalhes aerodinâmicos diferentes dos carros. E algo novo chegou, que era o KERS. Vocês sabem, o sistema de recuperação de energia cinética produzida nas frenagens, armazenada, e despejada no motor de forma cavalar, deixando-os mais potentes.
Bom, nesse ano revolucionário na aerodinâmica, alguém teve uma idéia ainda mais revolucionária. Esse alguém foi Ross Brawn. Um genial (e polêmico) difusor abaixo do aerofólio do carro, dava aos carros de sua equipe uma melhor estabilidade. Aliás, essa equipe, por mim, é um marco na história da Fórmula 1 moderna.

KERS.
Resumidamente, é o seguinte. Em 2008, com a crise financeira, a Honda se viu obrigada a sair da Fórmula 1. Com isso, seus pilotos, Jenson Button e Rubens Barrichello, estavam aposentados. Porém o chefe da equipe, Ross, comprou a mesma, comprou os motores Mercedes-Benz, reforçou o câmbio, achou a brecha no regulamento para o difusor, e assim, criou a Brawn GP, que manteve os pilotos da Honda. A primeira impressão, é que seria mais uma nanica, ou no máximo uma equipe do pelotão intermediário. Mas não. O carro provou ser o melhor do grid. Principalmente pelas mãos de Button, que foi campeão naquele ano, e junto com Barrichello, deu a Brawn GP o título do campeonato de construtores.

Brawn GP.
Naquele mesmo ano, alguém que já havia feito uma bela corrida na temporada anterior, vencendo, conseguiu chamar ainda mais atenção: Sebastian Vettel. Ele foi o vice daquele ano. Enfim, melhor eu parar para não me perder. Em uma outra oportunidade, falo sobre ele. Ou melhor, vejam meu último post no Piston GP Team, que é exatamente sobre Vettel.

Em 2010 os carros já começaram a deixar aquele perfil comportado demais, mas ainda sem o abandonar. Mas agora estavam sem o KERS, e a vantagem (difusor) do ano anterior, sumiu. Começou ali a ascensão da Red Bull Racing, com Vettel, principalmente. Isso em pilotos. Claro que Adrian Newey tem uma importância inexplicavelmente grande. Aliás, se não me engano, ele e Brawn são os projetistas que mais tiveram sucesso na categoria nos últimos 20 anos, aproximadamente. Se não, estão entre os mais.

F10.
Novidade em 2011. O DRS. Ou asa traseira móvel, se assim quiser chamar. Particularmente, acho menor prático. Só não uso a sigla para explicar para algum leigo. Não que eu seja especialista. Longe disso. Padua e Joab tem bem mais experiência do que eu. Enfim, o DRS é um dispositivo que, claro, causou polêmica quando chegou, mas também gerou muitas expectativas. Trata-se de um mecanismo que muda o ângulo de uma asa dentro do aerofólio, fazendo o resistência do ar diminuir ali, e com isso o carro ganha mais velocidade. Ainda mais que nesse ano, o KERS voltou. Nos treinos e no qualifying, os pilotos podiam acionar quando quisessem, e o mesmo seria desativado automaticamente quando eles pisassem no freio. Até porque é impossível fazer uma curva longa em alta velocidade com o DRS aberto. Porque o carro sairia rodando. Nas corridas, o DRS era utilizado para ultrapassagens, em trechos específicos pré-determinados. Nas maiores retas do circuito. Isso desde que o carro que fosse usar, estivesse a 1 segundo do carro da frente, sendo que este só poderia se defender com o KERS, se tivesse carga no mesmo. Com isso, a chegada do DRS foi uma quebra no recorde de ultrapassagens. Michael Schumacher foi o piloto que melhor soube usar isto. Claro, é el fodón heptacampeão. E isso não foi irônico.

O dominador RB7.

DRS.

Agora, em 2012... gente, que bizarro. Depois foi algo com o que eu me acostumei, e até achei alguns carros bonitos. Ah, sim, estou falando do bico. Com mudanças no regulamento, os carros tiveram que ter seus bicos rebaixados. Uma medida de segurança. A McLaren, por já ter um chassi mais baixo, não teve alterações assustadoras. Assim como a Marussia. Talvez porque a equipe russa mantém uma parceria técnica com o time de Woking.

E21.
Atualmente, em 2013, não tivemos grandes mudanças. Algumas equipes eliminaram o degrau do bico. Ou apenas o esconderam com uma peça móvel. Acho que a maior diferença de regulamento, é que agora as regras do DRS na corrida, valem para os treinos e o qualifying também. Alguns pilotos estavam abusando e fazendo “fanfarronice”.

W04.
A próxima revolução da Fórmula 1 será na próxima temporada. Isso porque abandonarão os motores V8 de 2.4L, e usarão modelos V6 1.6L turbinados. A preocupação é enorme. Muitos dizem que a Fórmula 1 perderá o ronco característico dos motores. Aí eu pergunto: desde quando a Fórmula 1 teve um som único? Esses V8 2.4L nem foram usados durante tantos anos assim. Antes dele, também eram oito cilindros, porém com 3000 cilindradas. Aliás, por mim, esses são os que tem o som mais bonito. Mas antes deles, também tiveram outras gerações de motores. Inclusive, a MP4/4 de 1988, que foi um dos carros de maior domínio na categoria, pilotado por Alain Prost e Ayrton Senna, era de 1.5L turbo, e gerava sabem quanto de potência? Exagerados 1200cv. Os atuais são de 750cv, e dizem que este número será mantido nos V6. Então para os que pensam que só porque os centímetros cúbicos dos cilindros diminuem, a potência também é reduzida, não é bem assim. Podem relaxar. E voltando ao som, uma montadora não faz um motor com o ronco igualzinho ao do motor da outra montadora. Certo?

Há quem diga que o que prejudicaria o som, é, digamos o “volume” que este poderia ter. Mais baixo. Por causa que não atingiriam um número de rotações por minuto necessário, se comparar com a Fórmula 1 de hoje. Mas pelo que tenho lido, dá para aumentar, talvez. Também é possível fazer algo a respeito disso mexendo no sistema de escapamento. Bernie Ecclestone já sugeriu a loucura de produzir um som falso, artificialmente. Qual é, tio Bernie? Caixinhas de som, não, por favor. Deixe que os engenheiros vão dar um jeito nisso.

As interessadas, e que até já tem motor pronto, por enquanto são Ferrari, Renault e Mercedes-Benz. Que já estão nesse mercado. Há boatos de uma volta da Honda, e uma tal de Pure também tem um projeto.

V6 1.6L turbo da Mercedes Bens.
Outra novidade será o ERS. O ERS, é como o KERS. Porém é mais potente, e dura mais tempo. Ou seja, se nos últimos anos, as equipes nanicas que não usam o KERS já apanham. Em 2014 será impossível correr em o ERS.

Para aqueles que insistem em ser pessimistas, olha, vou falar que a situação poderia ser muito pior. Até há uns dois ou três anos atrás, queriam deixar a Fórmula 1 elétrica. Pois é. Ou seja, seria muda. Aí sim as caixinhas de som do Bernie seriam mais úteis, apesar de que por mim seria ridículo, e a categoria perderia sua essência, ou pelo menos parte dela. Felizmente conseguiram banir, pelo menos por enquanto, essa idéia. Eu espero que tenham jogado esses planos definitivamente na Fórmula E, que está pro vir. Uma categoria elétrica criada pela FIA, e que a mesma já vinha desenvolvendo já há algum tempo, porém só recentemente este projeto vem ficando mais conhecido. Por mim, se for para deixar o automobilismo com cara de amiguinho do meio ambiente, o futuro serão os motores híbridos (parte a combustão, parte elétrico), como no WEC. Não é o que por mim seria o ideal, mas esses são assuntos para outros posts.


Um abraço!

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