Falando sobre Bruno Senna

Ayrton Senna da Silva dizia: “Se você acha que eu sou bom, espere até ver meu sobrinho Bruno.”

Em 2010, depois de passar por categorias de base, algo que muitos esperavam, finalmente aconteceu.

Após começar tarde sua carreira no automobilismo, por razões óbvias, o sobrinho de Ayrton conseguiu finalmente uma vaga na Fórmula 1, na Campos, que parecia ser uma equipe novata com um bom futuro, mas que surgiu como Hispania Racing Team, com um carro, o F110, que só ficou pronto já no primeiro treino livre para o GP do Bahrein.

 Bruno Senna chegou na principal categoria do automobilismo com status de vice campeão da GP2, sendo que perdeu o título para um piloto que já tinha experiência de Fórmula 1, o italiano Giorgio Pantano, ex-piloto da extinta Jordan.

Como avaliar um piloto que corre em um carro de desempenho deprimente? Impossível. Foi assim na Hispania, e se Bruno criasse algum problema dentro da equipe, era substituído por algum de seus muitos companheiros de equipe. O brasileiro fazia milagres em conseguir terminar as corridas, segurando um carro muito instável nas saídas de curvas. O F110 definitivamente não era um carro de Fórmula 1, tanto que em alguns circuitos, como Mônaco os carros da GP2 eram quase tão rápidos quanto ele.

Quase sem lugar em 2011, Bruno Senna conseguiu a vaga de 3º piloto da Lotus Renault GP (hoje apenas Lotus). A equipe não estava satisfeita com os resultados do titular Nick Heidfeld, e na Bélgica deu o cockpit do alemão ao brasileiro, que se mostrou rápido em fazer voltas sob chuva e surpreender no resultado de sua primeira classificação. Esta sim foi a primeira corrida de Fórmula 1 da qual Bruno Senna participou.

No final da temporada, Bruno acabou perdendo a vaga para o campeão da GP2, Romain Grosjean. Mas sabia que a Williams F1 Team tinha uma vaga. Um piloto às vezes instável, mas rápido, com bom conhecimento de mecânica, experiência com motor Renault (que a Williams passou a usar em 2012) e o que a equipe mais precisava: patrocinadores.

Assim, Rubens Barrichello perdeu sua vaga, e foi para Indy. Bruno Senna virou o novo titular da Williams, equipe na qual seu tio Ayrton Senna morreu, ao colidir com o FW16 na curva Tamburello do autódromo de Ímola. A primeira temporada – quase – completa do brasileiro na Fórmula 1, com um carro de Fórmula 1. Não totalmente completa, por ter que ceder seu FW33 ao piloto finlandês Valtteri Bottas, campeão da GP3.

 

Finalmente chegamos ao presente...

Bruno participou dos testes pré-temporada, e pela primeira vez correu com um carro de Fórmula 1 em muitos dos circuitos que ele ainda não conhecida desta forma. Nestes, ele conseguiu ser constante, marcando bons pontos para a equipe, enquanto seu companheiro, o venezuelano, também campeão da GP2 e “pupilo” de Hugo Chavez, Pastor Maldonado, que leva muitos milhões de “petrodólares” da PDVSA para Williams, venceu o GP da Espanha tomando a vitória do piloto local, Fernando Alonso, da Scuderia Ferrari. Mas comete muitos erros, que fazem com que ele normalmente não marque pontos, apesar de ser um piloto muito rápido.

Agora o que muitos apontam como um perigo para Bruno Senna dentro da Williams, é seu novo diretor executivo, Toto Wolff. Por que? Lembram quando falei de Valtteri Bottas? O campeão da GP3 é um piloto promissor, e diz estar pronto para correr pela Williams em 2013, ou até mesmo antes. O que Wolff tem a ver com isso? Simples: ele é o empresário de Bottas.

Mas cá entre nós, não me preocupo muito com isso. Sangue de piloto corre nas veias de Toto, e isso poderia fazer com que ele escolhesse Bottas por este parecer ser mais rápido. Mas o jovem finlandês tem um título de GP3, que é quase como uma Fórmula 3. Pilotar um Fórmula 1 é outra história, e não basta se destacar nos FP1 (1º treinos livres) para isso.

Além disso, Toto é um sujeito ético, que não usa seu poder para beneficiar quem é próximo dele. Sua esposa Susie Wolff é piloto reserva da Williams, e o marido não participou em nenhuma etapa do processo de entrada dela na equipe. E Toto Wolff já disse que não cuida pessoalmente da carreira de Valtteri Bottas. Isto agora é tarefa de um de seus acessores. A decisão de quem serão os pilotos da Williams F1 Team em 2013, é de Frank Williams.

Bons ventos estão vindo para o piloto brasileiro. As próximas etapas do Mundial de Fórmula 1, serão nos circuitos que ele correu a bordo  do carro da Lotus Renault GP. Bruno já provou seu valor para a Williams, e se foi mal em algumas etapas, foi por fatores que não estão ao seu controle, e que o prejudicaram. Ou simplesmente por, digamos, azar, ou apenas falta de sorte. Não é apenas o piloto que ganha uma corrida. A Fórmula 1 é o mais coletivo dos esportes individuais. O piloto depende do seu carro, que foi projetado pelos engenheiros, depende dos mecânicos nos pit-stops, do chefe de equipe, dos estrategistas etc. Mas o piloto em si que é Bruno, é competente. É rápido, constante, às vezes um pouco instável (talvez porque goste de deixar a traseira do carro um pouco mais “solta”), mas está melhorando e além disso conhece bem um F1 para fazer seus ajustes.

Outra qualidade de Bruno, é que ele aprende rápido. Entrou para o automobilismo já “velho”, só com um pouco experiência no kart, de quando treinava com seu tio, e hoje compete de igual para igual com aqueles que correm desde criança. Só por isso, já é um vencedor.

Acredito que um piloto melhor está chegando para a segunda metade da temporada 2012 do Mundial de Fórmula 1... "Vamo que vamo", Bruno Senna!

Um abraço!

@paulovitorpv8

Atualização (baseado no comentário do @AcidPadua): Nem mesmo o líder da GP2, Luiz Razia, tem lugar garantido na Fórmula 1. O que dizer de um piloto da GP3? Não se usa mais colocar piloto de categoria "pequena-média" em um F1. Valtteri Bottas precisa subir para uma categoria mais próxima da Fórmula 1, como GP2, WSR, ou até mesmo a AutoGP. E lá, deve apresentar bons resultados. Aí sim, ele pode tentar conseguir uma vaga como titular em uma equipe de Fórmula 1. Mas como Mika Salo fica "enchendo a bola" do seu queridinho conterrâneo, e falando besteiras por aí na mídia, este (Bottas) fica todo metido a "promessa de título para a Finlândia".