Velocidade mata? Sim, pode matar. Mas nem sempre ele é culpada, e raramente é o principal fator que leva à morte, se é que teve alguma influência nisso. Ela pode matar, mas há coisas piores. E ela pode salvar também. Coitada da velocidade, "sempre" é a culpada... Velocidade por si só, não mata, minha gente.
Quando o assunto é esse, tenho sempre como referência a Alemanha, país que hoje é o motor da Europa. Este país possui estradas chamadas de Autobahn, nas quais não há limite de velocidade. Por isso programas automobilísticos como o britânico Top Gear da BBC, ou até o Auto Esporte aqui do Brasil, da Globo, testam carros lá, no meio do trânsito, quando querem ultrapassar os 300 km/h. Mas comparar as estradas daqui com as da Alemanha é tanta covardia quanto comparar o Top Gear com o Auto Esporte (ok, de vez em quando tem matérias legais, mas a maioria é pouco interessante oupropaganda). De qualquer forma, dá para acreditar que um país como a Alemanha permitiria tal "abuso" se este fosse mesmo tão fatal assim? A questão é que lá eles tem estrutura para suportar isso. Aliás, nem digo suportar, pois lá isso nem é perigoso, se não tiver um idiota ao volante.
Estradas ruins, cheias de buracos, sem acostamento, privatizadas por concessionárias abusivas, isso sim é perigoso. Não que se fossem do governo seriam necessariamente menos ruins, e na verdade não existem estradas de fato privatizadas, mas esses detalhes da área do Direito não interessam aqui. Estradas nas quais no meio de uma curva você pode encontrar uma pedra enorme, que estava lá ou por falta de cuidado de quem é responsável por esta, ou porque algum bandido a colocou lá para tentar quebrar um carro e roubar o dono. Os dois casos já aconteceram com meu pai, que aliás, não por ser meu pai, mas é o melhor motorista que eu conheço. Um dia quero ser como ele. E sinceramente? Digamos que ele não é dos mais lentos na estrada, e em mais de 35 anos de direção ele sequer arranhou o carro, e o que ele faz, que eu acompanhando ele muitas vezes já vi, não é nenhuma loucura. Juro, é uma pessoa sensata, assim como eu, que sei o que faço, mas não tenho tanto tempo de experiência, então não tenho a mesma habilidade que ele, e nem me arrisco.
Aliás, o que é arriscar? Todos que estão dirigindo, estão correndo os mesmos riscos. O lerdo demais ou o apressadinho demais podem ser atingidos por um bêbado. Podem estourar o pneu em algum objeto que aparece de surpresa no meio do caminho. Podem se assustar com um animal atravessando a estrada, e assim podem morrer atingindo e matando o animal, ou tentando se desviar dele e na falta de atenção, atingem outra coisa e morrem.
O que mata é o motorista exageradamente confiante, que anda com a bandeira do time de futebol pendurada no vidro traseiro quando este ganha um jogo ou um campeonato, ou que nessas ocasiões, quando está numa caminhonete, deixa um bando de fanáticos subirem lá atrás, e uma hora um desses cai e morre.Confia tanto na própria habilidade, que acha que pode fazer de tudo. Que ultrapassa onde não é proibido ou, mesmo onde é permitido, não há espaço para isso por causa do veiculo que vem da direção oposta.
O que mata é o motorista exageradamente confiante, que anda com a bandeira do time de futebol pendurada no vidro traseiro quando este ganha um jogo ou um campeonato, ou que nessas ocasiões, quando está numa caminhonete, deixa um bando de fanáticos subirem lá atrás, e uma hora um desses cai e morre.Confia tanto na própria habilidade, que acha que pode fazer de tudo. Que ultrapassa onde não é proibido ou, mesmo onde é permitido, não há espaço para isso por causa do veiculo que vem da direção oposta.
Tudo depende de como, quando, o quanto e como você faz. Andar a 160 km/h numa estrada estreita, de retas curtas, curvas fechadas, cheia de buracos, sem acostamento, em um carro que fica totalmente instável nessas condições e que ainda por cima o imbecil que está ao volante quer tirar uma foto do velocímetro para pagar de fodão nas redes sociais, isso sim é pedir pra morrer.
Quem é ou quer ser piloto, sabe o que faz, onde faz, e não faz para se exibir, mas sim pelo prazer, pela adrenalina, e normalmente só busca essas boas sensações dentro de um autódromo, que é o certo. Seja correndo profissionalmente, ou simplesmente em um track day.
Esses outros que abusam, eu nem considero como motoristas. Há muitos motoristas que não são habilitados e muitos habilitados que não são motoristas. Por falar nisso...
Sabem o que realmente mata? O que mata é todo um sistema feito para habilitar pessoas que muitas vezes não são motoristas de verdade. Não por falta de competência, pois todo mundo tem a capacidade de aprender, mas porque não foram ensinados corretamente para serem motoristas. Aliás, esse sistema foi feito para as pessoas não passarem em seus exames, só para arrecadar mais dinheiro para a auto escolas e órgãos de trânsito. Que ensina as pessoas a virarem um volante de forma ridícula e ineficiente, como se fosse um pizzaiolo girando a massa. Que diz que alta rotação é super prejudicial ao motor em toda e qualquer condição. Que te obriga a arrancar descendo uma ladeira em 1ª marcha (o que pode provocar um tranco forte dependendo de como se faz isso, e aí se vem alguém logo atrás...), e quando já chegar na 3ª e tiver um quebra molas, te faz voltar para a 2ª sem a menor necessidade disso. Que fala que o seu câmbio vai pelos ares se você reduzir a velocidade por ele. Que ensina a andar na rua quase arrancando os retrovisores dos carros que estão estacionados. Que não ensina a pessoa a dirigir acima dos 40 km/h, prejudicando o candidato a motorista, pois ele não vai se acostumar com uma velocidade simples de 60 km/h, e quando pegar uma estrada pela primeira vez, coisas que as auto escolas não ensinam, ele vai ficar com medo e andando devagar, vai provocar um acidente quando alguém mais rápido, que nem precisa estar correndo, encontrar com aquele sujeito lento no meio de uma curva ou após a subida de um morro. O que mata, em parte, é todo esse sistema, que transforma a arte de dirigir em uma atividade escrota (me desculpem, mas a palavra aqui tinha que ser suja mesmo) robotizada, que não ensina a dirigir direito, de forma eficiente. Como disse o meu instrutor quando eu ainda estava nessa vida dura, motorista de verdade, das antigas, que tem todo o meu respeito, "auto escola não ensina a dirigir. Ensina a tirar carteira. Dirigir você aprende depois, sozinho".
O que mata são carros que deveriam ser obrigatoriamente vendidos com freios ABS e airbag desde que estes foram criados, sem cobrar muito mais caro por isso (lembrando que o preço de um carro sem equipamentos extras, já é abusivo). E acreditem, não sei se é coisa da montadora ou de algumas concessionárias desta, mas há carros de uma certa marca que são vendidos tendo o peito de aço como item opcional. Preciso dizer o quão absurdo é isto? Acredito que não.
Sabem o que mais? Essa gasolina do país auto suficiente em petróleo, que é das mais caras do mundo, e da pior qualidade possível, comprometendo a "saúde" do motor.
Sabem o que mais? Essa gasolina do país auto suficiente em petróleo, que é das mais caras do mundo, e da pior qualidade possível, comprometendo a "saúde" do motor.
Se sabe como, quando, o quanto e como usar a velocidade, você não vai morrer por causa dela. Na verdade, ela pode até salvá-lo, como quando você está numa descida na estrada, e um caminhoneiro irresponsável (estou falando só de alguns, ok?) vem atrás de você, com carga pesada e em ponto morto. Experimenta não passar de no mínimo 80 km/h, ou melhor, de 100 km/h pra ver o que acontece (não, não faça isto... nessa hora, corre!)...
Um abraço!
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